Febre Amarela

A febre amarela é uma doença hemorrágica viral aguda grave transmitida por mosquitos infectados. Uma pequena porcentagem de doentes que contraem o vírus apresentam sintomas graves e cerca de metade destes podem evoluir a óbito no prazo de 7 a 10 dias.

Como é transmitido?

A doença apresenta dois ciclos de transmissão epidemiologicamente distintos: silvestre e urbano.

Ciclo Silvestre

No ciclo silvestre da febre amarela, os macacos são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus, e os vetores são mosquitos com hábitos estritamente silvestres, sendo os gêneros Haemagogus e Sabethes os mais importantes na América Latina. Nesse ciclo, o homem participa como um hospedeiro acidental ao adentrar áreas de mata.

A forma silvestre é endêmica nas regiões tropicais da África e das Américas. Em geral, apresenta-se sob a forma de surtos com intervalos irregulares, sem ciclicidade definida.

Ciclo Urbano

No ciclo urbano, o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica e a transmissão ocorre a partir de vetores urbanos (Aedes aegypti) infectados.

No Brasil

Foram definidas duas áreas:

  1. Área com recomendação da vacina, correspondendo àquelas áreas onde se reconhece o risco de transmissão;
  2. Área sem recomendação de vacina, correspondendo às “áreas indenes”, sem evidência de circulação viral.

Não é possível que uma pessoa infectada transmita diretamente o vírus para outra.

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Fatores de risco para desenvolver a doença

Esta doença acomete com maior frequência o sexo masculino e a faixa etária acima dos 15 anos, em função da maior exposição profissional, relacionada à penetração em zonas silvestres da área endêmica.

Outro grupo de risco são pessoas não vacinadas que residem próximas aos ambientes silvestres, onde circula o vírus, além de turistas e migrantes que adentram estes ambientes sem estar devidamente imunizados. A maior frequência da doença ocorre nos meses de dezembro a maio, período com maior índice de chuva, quando a reprodução do mosquito é elevada, coincidindo com a época de maior atividade agrícola.

Sintomas

Uma vez contraído, o vírus da febre amarela mantém-se em incubação no corpo durante 3 a 6 dias. Muitas pessoas não apresentam sintomas, mas quando estes ocorrem, os mais comuns são:

  • Febre alta
  • Náuseas
  • Vômito
  • Fadiga
  • Dores musculares
  • Dores de cabeça

Na maioria dos casos, os sintomas desaparecem após 3 ou 4 dias, evoluindo com melhora total dos sintomas e adquirindo imunidade (proteção) permanente contra a febre amarela.

No entanto, em torno de 10 a 20% das pessoas que contraírem o vírus podem evoluir para uma forma mais tóxica, após uma breve (24 a 48 horas) recuperação dos sintomas iniciais. A febre alta retorna e outros órgãos são afetados, normalmente o fígado e os rins, causando outros sintomas, como:

  • Pele e olhos amarelados (icterícia: coloração amarelada que pode ocorrer na mucosa e/ou na pele)
  • Sangramentos
  • Fezes escuras
  • Diminuição da urina

     

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Icterícia

 

Tratamento

Não há tratamento específico para a doença, mas há cuidados específicos para tratar a desidratação, problemas do fígado e do rim, febre e dor. Aspirina (AAS) deve ser evitado, pois seu uso pode favorecer o aparecimento de sangramentos espontâneos piorando o quadro clínico.

Prevenção

A única forma de evitar a febre amarela silvestre é através da vacina, que é gratuita e está disponível nos postos de saúde em qualquer época do ano.

Já a febre amarela urbana pode também ser prevenida evitando a disseminação do Aedes aegypti, que transmite também dengue, zika e chikungunya. O Aedes prefere depositar seus ovos em água limpa e próximo a casa. Assim, é responsabilidade de todos evitar o acúmulo de água parada nas residências (veja dicas no Post sobre Dengue na parte sobre Prevenção). Também, o uso de repelente ajuda a evitar a picada do mosquito.

Vacina contra Febre Amarela

A vacina é atenuada, ou seja, contém o vírus da febre amarela enfraquecido, cultivado em ovo de galinha.

Todos que vão viajar ou moram em áreas endêmicas têm indicação de realizar a vacina.

A Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde orientam que 1 dose da vacina é suficiente para conferir proteção para toda vida.

Indicações

  • Crianças maiores de 9 meses até adultos com 60 anos

Contra-Indicações

Por ser uma vacina de vírus vivo, algumas pessoas não podem recebê-la:

  • Transplantados
  • Pacientes com doença imunosusupressora, como Aids ou Imunodeficiências Primárias
  • Pessoas com doença auto-imune ou câncer que utilizam medicações que causam diminuição da imunidade (converse com seu médico antes de realizar a vacina)
  • Gestantes
  • Crianças menores de 6 meses
  • Idosos (maiores de 60 anos) devem conversar com o seu médico para avaliar riscos e benefícios

Por ser uma vacina que é cultivada em ovo de galinha, os pacientes com ALERGIA À OVO que já apresentaram anafilaxia (reação alérgica grave) devem evitá-la pelo risco de reação. Caso o risco de infecção pela Febre Amarela seja muito grande, existem opções para a realização da vacina. Converse com seu Alergista.

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Cuidados Antes da Vacinação

  • Não é necessário nenhum cuidado específico antes de realizar a vacina
  • Em caso de febre, recomenda-se adiar a vacinação até melhora
  • Qualquer sintoma ou reação adversa deve ser notificado na Unidade de Saúde onde foi realizado

 

Quem amamenta pode receber a vacina?

Mulheres amamentando crianças abaixo de 6 meses de idade: Se a vacinação não puder ser adiada até o bebê completar 6 meses, a mãe deve realizar, antes da vacinação, a ordenha do leite e manter congelado por 28 dias, em freezer ou congelador, para uso durante 28 dias (no mínimo 15 dias), período em que há risco de transmitir o vírus vacinal pelo leite e contaminar o bebê. Confira o post sobre Extração e Armazenamento do Leite Materno

Efeitos Adversos da Vacina:

  • Dor leve a moderada com duração de 1 a 2 dias no local da aplicação pode ocorrer em 4% das pessoas vacinadas
  • Manifestações gerais, como febre, dor de cabeça e muscular são os eventos mais frequentes e acontecem em cerca de 4% dos que são vacinados na primeira vez e menos de 2% nas segundas doses
  • Apesar de muito raros, podem acontecer eventos graves:
    • Reações alérgicas
    • Doença neurológica (encefalite, meningite, doenças autoimunes com envolvimento do sistema nervoso central e periférico)
    • Doença em órgãos (infecção pelo vírus vacinal causando danos semelhantes aos da doença)
    • No Brasil, entre 2007 e 2012, a ocorrência destes eventos graves foi de 0,42 caso por cem mil vacinados.
    • Na suspeita de reação grave procure um serviço de saúde

 

Vacina Fracionada: entenda

A vacina fracionada da febre amarela consiste na realização de 1/5 da dose plena. Estudos mostram que essa dose confere proteção durante um determinado período (em torno de 8 anos).

Assim, a recomendação atual é: pessoas que receberem a dose FRACIONADA da vacina devem realizar uma nova dose após 8 anos.

A dose fracionada será iniciada no final de janeiro/começo de fevereiro em alguns estados do Brasil.

Quem receberá a dose fracionada?

  • Pessoas saudáveis, sem problemas de saúde
  • Faixa etária de 2 a 60 anos de idade

 

Quem receberá a dose plena, mesmo quando a dose fracionada for iniciada?

  • Crianças de 9 meses a 2 anos
  • Pessoas com doenças crônicas que não têm contra indicação de realizar a vacina. Converse com o seu médico caso você tenha algum problema de saúde.

Fonte: Ministério da Saúde / Organização Mundial da Saúde(OMS) / Sociedade Brasileira de Imunização

 

Pronto Socorro: quando realmente devo levar meu filho?

Pronto Socorro (PS): pra que serve?

O Pronto Socorro tem o intuito de atender urgências e emergências, ou seja, doenças agudas graves ou doenças crônicas agudizadas que podem causar sequelas ou até mesmo óbito.

As principais queixas no Pronto Socorro Infantil são sintomas respiratórios e traumas (quedas, cortes). Nas crianças pequenas, os sintomas respiratórios são causados principalmente por infecções virais e/ou bacterianas.

No entanto, o que vemos atualmente nos Pronto Socorros são consultas para sintomas que não se enquadram em urgências ou emergências. Muitos pais acreditam que o atendimento será mais rápido e efetivo, porém quase sempre isso não é verdade.

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Protetor Solar

Você sabia que 80% da exposição a raios UV ocorre na infância? Exposição solar excessiva nessa faixa etária está relacionado a maior incidência de câncer de pele na idade adulta. Assim, o uso de protetor solar é fundamental, e não apenas no verão.

 

Como funciona o Protetor Solar?

O Protetor Solar age bloqueando os raios ultravioletas B (UVB), responsáveis por queimaduras. O Fator de Proteção Solar (FPS) é calculado com base no tempo necessário para desenvolver queimadura leve quando 2 gramas de protetor é aplicado em 1 cm2 de pele. A maioria das pessoas acaba aplicando menos protetor solar que o desejado, e assim o FPS torna-se menor do que o descrito na embalagem.

Dessa forma, aplique de forma generosa o Protetor Solar na pele da criança. Lembre-se que água, areia e neve refletem 10%, 15% e 80% respectivamente e por isso
na praia pode ocorrer queimadura mesmo na “sombra” ou dentro da água.

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Repelentes

O uso de repelentes é medida importante na prevenção de doenças como zika, dengue, chikungunya e febre amarela. Conheça nesse Post os tipos de repelente e a partir de qual idade podem ser usados.

 

Bebês de 0 a 6 meses

Nessa faixa etária não existem estudos de segurança dos repelentes.

Assim, o ideal é que a proteção contra picada de inseto deve ser feita das seguintes formas:

  • Uso de mosquiteiro ao redor do berço
  • Roupas de cor clara ajudam a repelir os mosquitos, enquanto roupas escuras atraem
  • Roupas com manga longa e calça comprida
  • Evitar perfumes pois atraem os mosquitos
  • Existem produtos que podem ser aplicados apenas na tela ou mosquiteiros, chamados de permetrina spray 0,5%. Não aplicar diretamente na pele!
  • Repelentes elétricos diminuem a entrada dos mosquitos na casa e devem ser colocados próximo a entradas.

Caso a exposição a mosquitos seja importante e uso de repelentes seja inevitável, converse com o seu pediatra.

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Rinite Alérgica

A rinite alérgica é uma doença que causa grande desconforto aos pacientes, com diminuição da qualidade de vida e do sono. É caracterizada pela presença de espirros, coceira no nariz e olhos, nariz entupido e coriza.

O que é?

A rinite alérgica é a inflamação causada por reação alérgica na mucosa que reveste a cavidade nasal (nariz).

Quando alérgica, os principais causadores são ácaros, poeira doméstica, animais (cão e gatos) e fungos. No Brasil, a poeira doméstica é o principal alérgeno das alergias respiratórias. É constituída por descamação da pele humana e de animais, restos de pelos de cães e gatos, restos de barata e outros insetos, fungos, bactérias e organismos microscópicos que são chamados ácaros (família dos aracnídeos). O principal fator da poeira que causa alergia é o ácaro.

Quem é alérgico apresenta uma sensibilidade aumentada a essas proteínas, e assim, pequenas quantidades das mesmas já podem causar os sintomas e, em geral, estes sintomas são proporcionais á quantidade de alérgeno. Na época do inverno, quem tem rinite alérgica apresenta piora dos sintomas, pois neste período, são usados cobertores e roupas que ficaram guardados por muito tempo, e podem estar cheios de ácaros e fungos. Além disto estes doentes são mais susceptíveis a resfriados. Na verdade o resfriado é uma inflamação do nariz, que irá comprometer os mecanismos de proteção nasal, com isto facilitando a entrada dos alérgenos.

Sintomas

Os principais sintomas são:

  • Espirros
  • Coceira
  • Nariz entupido / Obstrução nasal
  • Coriza (saída de secreção clara – parecido com água pelo nariz)

A rinite alérgica é uma doença que não causa complicações na saúde do paciente, porém trazem grande desconforto no dia a dia e podem alterar concentração, qualidade do sono e assim, qualidade de vida.

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