Imunodeficiência Comum Variável

A Imunodeficiência Comum Variável (ICV) é um tipo de imunodeficiência primária que pode acometer crianças e adultos. Os pacientes podem apresentar pneumonias, infecções de ouvido e sinusites de repetição e os exames laboratoriais vão acusar diminuição na quantidade de imunoglobulinas e também alteração na qualidade dos anticorpos.

 

O que é ICV?

A ICV é uma imunodeficiência primária, ou seja, o paciente nasce com genes que predispõe a um problema na imunidade. Não é uma doença adquirida ao longo da vida, e dessa forma, também não pode ser transmitida.

Tanto crianças quanto adultos podem apresentar essa imunodeficiência, sendo que ela ocorre em 2 idades principais: entre os 6 – 10 anos e entre os 20 – 45 anos. Estima-se que a doença afete 1 em cada 25.000 pessoas.

 

Sintomas

Os sintomas mais prevalentes são infecções de repetição das vias aéreas respiratórias, como:

  • Pneumonias
  • Otites (infecções de ouvido)
  • Sinusite

Outros sintomas podem ocorrer, como diarréia crônica (que dura mais de 1 mês), abscessos, infecções virais graves, parasitoses intestinais.

Os pacientes com ICV podem apresentar também manifestações auto-imunes, como alterações hepáticas, de tireóide ou na pele, e granulomas pulmonares.

 

Diagnóstico

O diagnóstico deve ser suspeitado em crianças ou adultos que estão utilizando antibiótico frequente ou que necessitaram de internação devido a infecção grave. Assim, se seu filho apresentou mais de 2 pneumonias ou mais de 5 otites ou sinusites no último ano e/ou ficou internado por conta de infecção grave vale a pena a consulta com imunologista para uma avaliação completa.

Se você, adulto, apresentou 1 pneumonia e/ou mais de 4 otites ou sinusites no último ano também procure um especialista.

O imunologista vai solicitar exames para avaliar sua imunidade, entre eles a dosagem das imunoglobulinas (existem três tipos relacionados a imunidade: A, G e M). Em geral, na ICV o que vemos é uma diminuição na quantidade e na qualidade dessas imunoglobulinas, especialmente a Imunoglobulina G (IgG).

Ainda, é possível solicitar exames genéticos para avaliar qual o tipo de mutação que está causando a imunodeficiência.

 

Tratamento

Não existe cura para ICV, porém existe tratamentos que permitem ao paciente ter menos infecções e melhor qualidade de vida.

O tratamento consiste na reposição com imunoglobulina humana, um imunobiológico especial, que pode ser administrado por via endovenosa ou subcutânea. A medicação tem duração de 21 a 28 dias e assim, deve ser administrada 1 vez por mês.

A imunoglobulina é adquirida através da doação de sangue, e após um processo cuidado de armazenamento e filtração, é possível isolar do sangue apenas a IgG.

 

 

Dermatite de Contato e Patch Teste

O Patch Teste, também chamado de Teste de Contato, é o melhor exame para realizar o diagnóstico de Dermatite de Contato. Esse tipo de alergia se caracteriza pelo aparecimento de lesões avermelhadas e com vesículas nos locais que entraram em contato com a substância suspeita.

 

Dermatite de Contato

A dermatite de contato é uma doença universal, que pode acontecer em todas as idades e raças, porém sua incidência é menor na infância pela menor exposição às substâncias nessa faixa etária.

A dermatite de contato é uma forma de alergia a uma substância exógena que em contato com a pele leva ao surgimento de eczema (lesões inflamatórias avermelhadas, com escoriações, feridas, vesículas) que causam coceira e/ou ardor.

Esse tipo de reação acontece após repetidas exposições ao produto, raramente acontece na primeira exposição, já que é uma reação do organismo da pessoa contra aquela substância. Essa reação pode demorar dias a anos para acontecer, dependendo da imunidade de cada um.

O mais característico é o aparecimento do eczema no local do contato, por exemplo: nas orelhas ou dedos em quem tem alergia a bijuteria (níquel), no pé em quem tem alergia a borracha e nas mãos em quem tem alergia a produtos de limpeza ou luvas.

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Eczema no local de contato com borracha

Ainda, existem substâncias que dão alergia apenas após a exposição solar, como plantas, anti-inflamatório tópico e anti-histamínico tópico.

Principais substâncias que causam dermatite de contato:

  • Bijuterias (níquel)
  • Perfumes
  • Cosméticos
  • Corantes de tecidos e roupas
  • Borracha
  • Tintura de cabelo
  • Conservantes de produtos de higiene pessoal, medicamentos e cosméticos
  • Antibióticos tópicos

 

Patch Teste (Teste de Contato)

Na suspeita de dermatite de contato, o exame padrão ouro para descobrir o que causa alergia é o Patch Teste ou Teste de Contato. Consiste na colocação de várias substâncias dentro de pequenas câmeras que serão grudadas à pele do paciente com fitas. O mais comum é colocar essas câmeras no dorso (costas) do paciente, por ser uma área grande.

As substâncias ficam 48 horas em contato com a pele. Após esse período, elas são retiradas e uma primeira leitura é realizada. Para confirmar se houve ou não reação deve ser feita uma segunda leitura após 24h a 48h da primeira avaliação.

No Brasil, temos disponível para teste a bateria padrão, que consiste em 30 substâncias, que são aquelas que mais frequentemente causam alergia. Ainda, existem outras baterias mais específicas, como a bateria regional, para corticóides, anti-inflamatórios, alimentos, série capilar (produtos de cabelo), série pediátrica, cosméticos e unhas. As baterias adicionais podem ser realizadas de acordo com a reação que a pessoa apresenta.

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Patch Teste ou Teste de Contato

Quando é melhor adiar o teste?

  • Exposição solar excessiva
  • Uso de corticóide tópico (pomada) no local onde serão colocadas as substâncias
  • Uso de medicações que diminuem a imunidade por longos períodos
  • Uso de corticóide oral ou corticóide de depósito (intramuscular)
  • Dermatite grave: é aconselhável esperar a melhora das lesões para realizar o teste

Recomendações durante o teste:

  • Evitar atividade física
  • Evitar molhar o local em que as substâncias foram colocadas

Existe idade mínima ou máxima para realizar o teste?

Não! Bebês e idosos também podem realizar o teste de contato.

É possível realizar o Teste de Contato com produtos do próprio paciente?

Sim, quando os testes convencionais não incluem a substância suspeita é possível utilizar o produto em si. Converse com o seu Alergista para saber mais a respeito.

Anti-alérgico (anti-histamínico) atrapalha no exame?

Não! O uso de anti-histamínico não altera o resultado do Teste de Contato.

 

Tratamento

A primeira parte do tratamento consiste em melhorar o eczema, que incluem hidratantes hipoalergênicos, pomadas de corticóide ou inibidores de calcineurina.

A segunda parte do tratamento é evitar a substância que causa alergia. É recomendável ler a composição dos produtos para ter certeza que o mesmo não contém a substância que causa alergia.

O acompanhamento das lesões com alergista ou dermatologista é fundamental para diagnóstico e tratamento correto.

 

Fonte:

  • Sociedade Brasileira de Dermatologia
  • Tratado de Alergia e Imunologia Clínica
  • EAACI position paper for practical patch testing in allergic contact dermatitis in children. Pediatric Allergy and Immunology 26(7):598 – 606, 2015

 

Foto:

  • Asacpharma IPI Brasil

Vacinas: Rede Pública x Privada

Nesse Post vamos falar um pouco das vacinas oferecidas na rede pública e particular:

  • Quais as suas diferenças?
  • Qual vacina da particular substitui a da rede pública?

Para ficar fácil de entender, vamos dividir e falar especificamente de cada vacina.

 

Vacinas da Rede Pública x Privada

Algumas vacinas são disponíveis tanto na rede pública quanto particular, porém com diferenças em sua cobertura e efeitos colaterais. Essas são:

  • Vacina contra difteria, coqueluche e tétano (DTP) + Hemophilus influenzae + hepatite B
  • Vacina contra pneumonia
  • Vacina contra rotavírus
  • Vacina contra meningite
  • Vacina contra gripe

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Vacinas da Rede Pública que são iguais as da Rede Privada, porém com número de doses diferentes

Hepatite A

Recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP): duas doses com intervalo de 6 meses

  • Rede Pública: dose única com 15 meses
  • Rede Particular: 12 meses e 18 meses

Sarampo, Caxumba, Rubéola e Varicela

Recomendação da SBP: duas doses com intervalo mínimo de 1 mês

  • Rede pública: com 12 meses é feito SCR (sarampo, caxumba e rubéola) e com 15 meses SCR-V (sarampo, caxumba, rubéola e varicela)
  • Rede particular: 12 e 15 meses é feito SCR-V

Vacina contra HPV quadrivalente

Recomendação da SBP, Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo): esquema padrão de três doses (a segunda dose dois meses após a primeira, e a terceira seis meses após a primeira). Recomendado para meninas e mulheres de 9 a 46 anos e meninos e homens de 9 a 26 anos.

  • Rede pública: Duas doses, meninas de 9 a 14 anos, meninos de 11 a 14 anos e pacientes com imunodeficiência de 9 a 26 anos
  • Rede privada: três doses, disponível para as idades recomendadas

 

Vacinas iguais em ambas as redes

  • Vacina contra Febre Amarela: dose única confere proteção para toda a vida. Fornecido pelo SUS para todas as idades, a partir dos 9 meses.
  • Vacina contra Tuberculose (BCG): dose única realizada ao nascimento

 

Vacinas disponível apenas na Rede Privada

  • Vacina contra Dengue
    • 3 doses, com intervalo de 6 meses
    • A partir de 9 anos de idade

 

Fonte: Sociedade Brasileira de Imunização / Sociedade Brasileira de Pediatria 

Sarampo

O que é sarampo?

É uma doença viral, aguda (sintomas aparecem de forma súbita e somem em geral em 7 dias), facilmente transmissível e potencialmente grave. Pode afetar pessoas de todas as idades, porém crianças menores de 1 ano são as mais susceptíveis e podem evoluir para quadros graves.

 

Por que o Brasil está com surto de sarampo?

Após surto de sarampo em 2015, nosso país recebeu certificado da Organização Pan-Americana da Saúde de eliminação da circulação do vírus.

No entanto, este ano, brasileiros não vacinadas entraram em contato com pessoas infectadas na Venezuela e assim, um novo surto iniciou-se.

Sintomas do Sarampo

O quadro inicia com febre alta (acima de 38,5 graus), olhos vermelhos (conjuntivite), coriza, tosse e dor de cabeça.

Após 2 a 4 dias do início dos sintomas, aparecem manchas rosadas na pele. Elas surgem primeiro atrás das orelhas e face e vão se disseminando para o restante do corpo.

Estes sintomas duram em torno de 7 dias, quando a febre vão diminuindo até desaparecer e as manchas rosas vão se tornando escuras e adquirem um aspecto de descamação (semelhante a farinha ou areia).

Complicações Graves do Sarampo

O sarampo é uma doença que baixa a resistência e a imunidade do hospedeiro. Assim, durante o quadro agudo da doença, a pessoa está susceptível a pegar outras infecções bacterianas ou até mesmo por outros vírus. Assim, as principais complicações são infecções secundárias, como otite, diarréia e pneumonia

Ainda, em alguns casos o vírus do sarampo dissemina-se pelo corpo causando infecção em diversos órgãos, inclusive no cérebro (encefalite).

 

Como o sarampo é transmitido?

A transmissão do sarampo ocorre de forma direta (de uma pessoa para outra), através de secreções expelidas na fala, tosse e espirros. A pessoa começa a transmitir o vírus em torno de 4 a 6 dias antes do início das manchas no corpo.

 

Prevenção

A única forma eficaz de prevenção é a VACINAÇÃO!

A vacina do sarampo é de vírus vivo atenuado e está disponível em duas formas:

  • Tríplice viral (SCR): contra sarampo, caxumba e rubéola
  • Tetra viral (SCR-V): contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela (catapora)

Qual o esquema de vacinação recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Brasileira de Imunização?

Para ser considerado protegido, todos têm que ter recebido 2 doses da vacina na vida, com intervalo mínimo de 1 mês a partir dos 12 meses de vida.

  • Crianças de 12 meses a menores de 5 anos de idade: uma dose aos 12 meses (tríplice viral) e outra aos 15 meses de idade (tetra viral).
  • Crianças, adolescentes e adultos que não tomaram vacina ou não tem comprovação: duas doses da vacina com intervalo de 1 a 2 meses

O Programa Nacional de Imunizações fornece gratuitamente a vacina da seguinte forma:

A primeira dose desta vacina é aplicada aos 12 meses de idade, e a segunda dose aos 15 meses (quando é utilizada a vacina combinada à vacina varicela [tetraviral: SCR-V]). Também podem se vacinar gratuitamente indivídos até 29 anos (duas doses, com intervalo mínimo de 30 dias) e indivíduos entre 30 e 49 anos (uma dose).

E quem já teve sarampo? Precisa vacinar?

Indivíduos com história pregressa de sarampo são considerados imunizados contra as doenças, mas é preciso certeza do diagnóstico. Na dúvida, recomenda-se a vacinação.

Não devem receber a vacina:

  • Gestantes
  • Pessoas usando medicamentos imunossupressores ou com imunodeficiência primárias devem consultar o seu especialista
  • Casos suspeitos de sarampo
  • Bebês menores de 6 meses

Quem tem alergia a ovo pode vacinar?

Sim! A vacina tem quantidade mínima de ovo, e assim, mesmo quem tem alergias graves têm risco mínimo de reação anáfilatica.

Onde a vacina pode ser encontrada?

  • Nas Unidades Básicas de Saúde, duas doses para pessoas de 12 meses a 29 anos. Uma dose para adultos entre 30 e 49 anos. Eventualmente, em caso de surtos, o Ministério da Saúde (MS) pode realizar campanhas de vacinação para crianças a partir de 6 meses de vida. Esta dose “extra” não substitui as duas doses recomendadas no esquema de vacinação.
  • Nas clínicas privadas, está disponível para a vacinação de crianças a partir de 12 meses, adolescentes e adultos de qualquer idade.
  • Do dia 6 a 31 de agosto, o Ministério da Saúde realizará a Campanha de Vacinação contra Poliomielite e Sarampo. Não deixe de atualizar a sua carteira de vacina e da sua família!

 

Tratamento

Não existe medicação específica contra o sarampo.

Em crianças, é possível realizar vitamina A para diminuir o risco de complicações graves.

 

Fonte: Sociedade Brasileira de Imunização / Ministério da Saúde

 

 

 

 

 

Exantema Súbito

O que é?

É uma infecção viral comum que acomete crianças. Causada pelo vírus da família herpes (tipo 6 e 7), seus sintomas principais são febre persistente e rash cutâneo (vermelhidão na pele).

Também é conhecida como sexta doença.

Como pegamos a doença?

Ela é transmitida através das secreções respiratórias. Assim, espirros, tosse, beijos, contato com copos, talheres e brinquedos que vão à boca e são compartilhados com outras crianças são fontes potenciais de contágio.

Pode acontecer de alguns pacientes portarem o vírus porém antes mesmo de apresentarem sintomas, o próprio sistema imunológico consegue combatê-lo. Assim, em alguns casos não é possível identificar a origem da transmissão.

Sintomas

As crianças entre 6 meses e 2 anos são as mais acometidas, porém crianças até 6 anos também podem apresentar a infecção. É mais comum no inverno e no início na primavera.

  • Primeiro vem a febre alta (em geral entre 39 e 40 graus), persistente, que dura em média 3 dias (pode chegar a 5 dias)
  • Sem febre a criança fica ativa, brinca normalmente e em bom estado geral
  • Assim que a febre cessa, aparecem pequenas manchas rosas e vermelhas pelo corpo, que desaparecem com a pressão digital
  • As manchas no corpo duram cerca de 5 dias, não causam dor e não coçam

É uma doença infecciosa benigna da infância, já que raramente causa complicação. Ao final da infância, praticamente todos já terão tido algum contato com o vírus, mesmo aqueles que se infectaram, mas não chegaram a desenvolver os sintomas. Por isso, quadros de roséola em adultos são raros.

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Manchas vermelhas e róseas pelo corpo no Exantema Súbito

Tratamento

Não existe medicação específica para combater o vírus herpes.

Assim, os cuidados são no sentido de amenizar os sintomas:

  • Anti-térmico para febre
  • Repouso
  • Ofertar líquidos em abundância para a criança
  • Pomadas e medicações para as manchas na pele não são necessárias. Do mesmo jeito que elas surgem rapidamente elas vão sumir igualmente rápido sem deixar cicatriz ou marcas. Em alguns casos de coceira (que são raros), anti-alérgicos podem ajudar

 

Prevenção

Não existe vacina para esse tipo de vírus.

Para evitar que as crianças peguem é diminuir o contato com pessoas doentes, lavar bem as mãos e higiene do nariz no final do dia com soro fisiológico.