A alimentação complementar é a introdução de outros alimentos para bebês que estão em aleitamento materno ou em uso de fórmula infantil.
Conforme a criança se desenvolve, esta adquire capacidades motoras e perde certos reflexos do nascimento, o que indica que ela está apta a receber outros alimentos além do leite. Até os 6 meses de vida, o leite materno é o alimento ideal do ponto de vista nutricional, emocional e estímulo motor. A partir dessa idade, outros alimentos devem ser acrescentados a dieta devido a necessidade nutricional e também pelo momento propício do desenvolvimento motor e sensorial da criança.
Todas as crianças saudáveis têm a capacidade de regular a sua alimentação, desde o nascimento. Cada recém-nascido decide o momento de iniciar a mamada, a velocidade e quantidade de leite a ser sugado e quando parar. É raro que a mãe consiga que o bebê mame mais se o mesmo se sente saciado. Entender esses momentos da criança é importante para o sucesso da amamentação, da alimentação complementar e de hábitos saudáveis alimentares até a vida adulta.
A recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde (MS) é que a alimentação complementar inicie por volta dos 6 meses de idade.
Como ofertar o alimento conforme orientação da SBP, OMS e MS?
- A consistência deve ser gradual e de forma crescente: pastoso, papas e pedaços; aumentando gradativamente a consistência até chegar no alimento inteiro
- A partir dos 8 meses, os alimentos podem ser triturados e cortados em pedaços pequenos
- Aos 12 meses, os bebês estão aptos a receber alimentos sem preparo (semelhante à da família)
- Sempre oferecer os grupos alimentares principais para compor a Papa:
- Cereais/Tubérculos
- Proteínas animais
- Hortaliças
- Leguminosas (grãos)
- Folhas verdes

- Os alimentos podem ser cozidos juntos de forma a deixá-los macios. Devem ser amassados formando um purê grosso e consistente
- Não peneirar ou passar no liquidificador
- Oferecer os alimentos com colher
- Usar pouco tempero e sempre temperos naturais (alho, cebola, salsinha). Não utilizar temperos artificiais
- Adicionar uma colher de chá de óleo vegetal (óleo de milho, girassol, canola ou azeite de oliva) na papa já pronta
- Evite sopas e sucos, pois seu aporte calórico é baixo para as necessidades do bebê
Dicas na introdução da alimentação complementar:
- Sempre respeite o ritmo da criança: às vezes pode parecer que ela não está comendo a quantidade adequada, porém os bebês desde o nascimento aprendem a auto-regular sua alimentação e isso mantém-se conforme crescem. Assim, respeite os sinais de fome e de saciedade da criança.
- Ofereça várias vezes os alimentos e com variedade: crianças pequenas tendem a gostar dos alimentos que são oferecidos com frequencia e passam a gostar dos alimentos conforme lhe foram oferecidos da primeira vez. Por isso, evite alimentos muito doce ou salgado.
- Incentive a criança a comer nos horários de refeições da família
- Mantenha uma rotina nas alimentações, mantendo intervalos regulares
- O aleitamento materno deve ser mantido: alguns momentos das mamadas serão substituídos pelos alimentos complementares, porém ainda assim, o leite materno é necessário e importante
Armazenamento das Papas
É possível armazenar as papas para facilitar a rotina de vida da família. Entretanto, atente-se para higienização no preparo e variedade na composição.
Tempo de Armazenamento:
- 24 horas na geladeira
- 15 dias no congelador da geladeira
- 3 meses no frizzer
O que é BLW?
BLW é o Baby Led Weaning, que significa desmame guiado pelo bebê. Idealizada pela britânica Gill Rapley, o método defende a oferta de alimentos em tiras, pedaços ou bastões, sem a necessidade do uso de colher ou algum preparo do alimento (amassar, triturar ou desfiar). Esta abordagem desafia os pais a confiarem na habilidade inata do bebê de se auto alimentar.
Algumas considerações são ressaltadas pela autora:
- Continuar com o leite materno ou fórmula infantil
- Alimentos in natura
- Posicionar o bebê sempre sentado na hora da alimentação
- Oferecer variedade de alimentos
- Interagir durante as refeições
- Dar o tempo necessário a refeição sem pressionar
Ainda existem muitos questionamentos em relação a essa técnica, por isso um grupo de estudiosos da Nova Zelândia ressaltam:
- Oferecer alimentos cortados em pedaços grandes, que o bebê consiga pegar
- Ofereça de forma que não provoque engasgos, evitando formatos redondos ou em moeda
- A criança deve ser supervisionada por um adulto durante todo o período da alimentação
- Fornecer alimentos ricos em ferro e calóricos em cada refeição
É um método que não é recomendado oficialmente pelas Sociedades Pediátricas do Canadá e Estados Unidos.
A Sociedade Brasileira de Pediatria publicou em Maio de 2017 um Guia Prático de Atualização no assunto, concluindo que “Não há evidências e trabalhos publicados em quantidade e qualidade suficientes para afirmar que os métodos BLW ou BLISS sejam as únicas formas corretas de introdução alimentar. As orientações fornecidas pelos autores são coerentes com o desenvolvimento infantil, mas, limitar um processo complexo a uma única abordagem pode não ser factível para muitas famílias, e, portanto, não pode ser endossado – como forma única de alimentação infantil – pelo Departamento de Nutrologia da SBP. ”
Considerações Finais
Independente da técnica escolhida para introdução dos alimentos complementares, o importante é que os pais reconheçam em seus filhos a capacidade de se alimentar, sendo com ou sem colher. Também, ressaltamos que o momento da refeição é importante para o desenvolvimento sensório e motor da criança, sendo assim, muita paciência, pois é um momento de aprendizado e lembre-se: comer junto e não dar de comer.
Converse com seu pediatra. O melhor método é aquele que mantém o aporte nutricional adequado e estimula o desenvolvimento da criança dentro dos limites e possibilidades de cada família.
Fonte: “A Alimentação Complementar e o Método BLW – Baby-Led Weaning” – Sociedade Brasileira de Pediatria / “Guia Alimentar para Crianças menores de 2 Anos” – Ministério da Saúde