A morte súbita durante o sono acomete cerca de 35000 crianças nos Estados Unidos por ano. Recentemente, a Academia Americana de Pediatria (AAP) publicou novas recomendações de sono para prevenir a ocorrência da morte súbita.
O que é morte súbita?
É a morte repentina do bebê menor de um ano de idade, sem causa aparente ou explicável, mesmo após investigação e avaliação cuidadosa.
Nos EUA, a incidência é de 1 recém nascido para cada 1.000, na Nova Zelândia, de 0,8 e no Brasil a incidência é desconhecida. Um estudo realizado em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, encontrou uma incidência de 1,75 recém nascidos para cada 1.000.
Por que a morte súbita acontece?
Mesmo com diversos estudos, a etiologia da morte súbita não está totalmente definida.
Acredita-se que a morte súbita ocorra em bebês pequenos pela combinação de 3 fatores:
- Vulnerabilidade dessa faixa etária: possíveis anormalidades no sistema nervoso central, cardíaco e imunológico podem aumentar o risco de morte súbita
- Período de maturação do sistema nervoso central, cardiorrespiratório e imunológico: até os 4 meses de vida, o lactente enfrenta o período crítico de desenvolvimento dos seus principais sistemas: cérebro, coração e imunidade. Dessa forma, é um período de alta vulnerabilidade
- Fatores no ambiente: estes são os fatores que podemos evitar!
- Dormir de barriga para baixo
- Tabagismo na mesma casa que o bebê dorme
- Aumento ou diminuição da temperatura corporal
- Cama macia e fofa
Recomendações
Em 2016, a Academia Americana de Pediatra divulgou novo consenso com níveis de recomendação para evitar a morte súbita e o sufocamento/asfixia do bebê durante o sono.
São baseadas em estudos científicos em crianças menores de um ano. Assim, as recomendações de posição e local do sono são para essa faixa etária.
- Dormir sempre na posição supina (barriga para cima) até a criança completar 1 ano de idade. Dormir de lado não é seguro!
- Usar uma superfície firme para dormir, ou seja, colchão em um berço adequado (confira o Post Berço Seguro)
- Aleitamento materno
- Dormir no mesmo quarto que os pais, em colchões/camas diferentes
- Não deixar no berço da criança brinquedos ou acessórios soltos pois podem sufocá-la durante a noite
- Evitar a exposição ao tabaco/cigarro durante a gravidez e após
- Evitar a exposição ao álcool e drogas ilícitas durante a gravidez e após
- Evitar o super aquecimento
- Evitar cobrir a cabeça da criança
- Vacinação em dia e adequada
- Considere: a oferta de chupeta nas sonecas e na hora de dormir
- Acompanhamento adequado da gestação com realização de pré-natal
O que não é recomendado
- Uso de monitores cardiovasculares e oxímetros para evitar a morte súbita
- Não há evidências que o uso de “charutinho” (envolver a criança com um cobertor) diminua o risco de morte súbita. Saiba como fazer o “charutinho” de forma que não comprometa o desenvolvimento do bebê no Post)
Charutinho: deve ser feito de forma adequada para não prejudicar a saúde do bebê
Principais Dúvidas
1. Meu filho tem refluxo, mesmo assim devo deixá-lo de barriga para cima?
Sim, em bebês com Refluxo (seja fisiológico ou doença) a posição supina não aumenta a chance de asfixia ou sufocamento, pois a via aérea do bebê e mecanismos intrínsecos que o protegem.
2. Posso colocar um travesseiro para o meu bebê dormir?
Não é recomendado.
Materiais moles, como cobertas e travesseiros não devem ser colocados de baixo do bebê dormindo.
3. Posso dormir na mesma cama que o meu bebê?
Não.
O recomendado é que o bebê durma no quarto dos pais durante o primeiro ano de vida, principalmente até os 6 meses, que é quando a morte súbita ocorre com mais frequencia. Estudos mostram que dormir no mesmo quarto diminui até 50% o risco de morte súbita, no entanto dormir na mesma superfície aumenta o risco de sufocamento, asfixia e estrangulamento.
Assim, o bebê deve ficar em um berço separado.
4. Como posso evitar o super aquecimento do bebê? Existe uma temperatura do quarto adequada?
Ainda não existe consenso de qual a temperatura adequada do quarto. Também, não há recomendação suficiente para o uso rotineiro de ventilador ou ar-condicionado.
Assim, o ideal é que o bebê esteja vestido de forma apropriada para o ambiente: até uma camada de roupa a mais que um adulto usaria confortavelmente naquela temperatura. Cobertas em excesso e cobrir a cabeça da criança não devem ser realizadas.
Sempre avalie sinais que a criança está com calor, como suor excessivo ou aumento da temperatura no peito ao toque.
Leia mais sobre o tema no Post Berço Seguro
Fonte: Academia Americana de Pediatria / Livro: Pronto-Socorro (Instituto da Criança do Hospital das Clínicas)
Foto: Pastoral da Criança